Chris Madden, tecladista do Oasis, reflete sobre o “fenômeno cultural” que é a Live ’25
Músico destacou o clima vibrante que fãs de todo o mundo têm proporcionado.
Uma das surpresas na formação do Oasis para a Live '25, o tecladista Chris Madden chegou ao grupo recomendado por Liam, com quem trabalhou em sua carreira solo, e assumiu o posto que um dia foi de Mike Rowe e Jay Darlington. O músico inglês, que possui outros projetos como o The Earlies e o Christian Madden & The Enemy Chorus, mantém uma newsletter semanal aqui no Substack e pela primeira vez falou mais abertamente sobre como tem sido sua experiência em tocar para grandes públicos com o Oasis.
Em seu texto, publicado hoje (2), Madden falou especialmente do clima que as cidades têm mostrado, com uma legião de fãs do Oasis de diversas nacionalidades unidos em apenas um propósito: celebrar a volta da banda.
Confira, abaixo, a íntegra do texto do Madden, que pode ser lido em sua versão original aqui.
Por Chris Madden
Estamos há um mês na maior turnê do mundo, e um quarto dos shows já ficou para trás. Já nos apresentamos para quase 750 mil pessoas e até o fim deste fim de semana, mais 160 mil devem se somar a esse número. Tem sido um fenômeno cultural como eu nunca vi. Alguém já viu algo assim? Podemos debater se outras bandas foram maiores, melhores ou mais importantes, mas tem algo acontecendo aqui que vai além do Oasis e do seu repertório.
A internet nos isolou, colocou cada um na sua bolha, transformou a música numa trilha sonora para atividades solitárias. Mas isso aqui… isso mostrou que as pessoas estão sedentas por fazer parte de algo coletivo, por abraçar desconhecidos e cantar a plenos pulmões. Todo mundo está vestido igual, da cabeça aos pés. Quem aparece com roupa “civil”, corre para a barraca de merchandising para comprar uma camiseta ou um bucket hat. Todos estão se entregando de bom grado ao espírito do evento. Sem cinismo. Sem braços cruzados. Ninguém é “cool demais” para se render com alegria. É como uma final de Copa do Mundo, sem time perdedor. Todo santo dia. Como é que a gente vai conseguir voltar a assistir a shows comuns depois disso? Vamos ter que conseguir. Eu, pelo menos, vou ter que tentar.
Se você está se perguntando como isso afeta o Madden aqui, pode ficar tranquilo: continuo sendo largamente ignorado como sempre, então é pouco provável que eu me deixe levar por essa coisa toda. Já passaram dezenas de celebridades pelos bastidores, incluindo o sorridente maníaco que é o Tom Cruise, mas nenhuma delas demonstra qualquer interesse pelos integrantes da banda que não se chamem Gallagher e as poucas que demonstram não levam esse interesse até mim. Com exceção do ex-Doutor Who, Matt Smith, que veio falar comigo como se fôssemos velhos amigos, o que foi bem simpático. Ah, e a vice-primeira-ministra, Angela Rayner, me pagou uma pint outro dia e mandou um recado: “Diz praqueles caras lá que hoje tem uma ‘mancunian’ de verdade aqui dentro!” Eu disse. Pelo menos contei pro Noel achei que o Liam provavelmente não ia dar a mínima.
Tenho andado livremente entre o público, totalmente ignorado e livre do fardo da fama. Em Heaton Park, passei pela passarela até a plataforma de observação e vi gente virando pra mim e aplaudindo. Por um segundo achei que fosse comigo, mas logo percebi que eu estava logo atrás do Chris Kamara, que estava recebendo a maior reação pública que já vi dedicada a um ser humano nesta turnê. Fui na cola, aproveitando uma onda de adoração indireta, quase entendendo como deve ser sentir o calor da fama. Quase — mas não exatamente. Na verdade, talvez seja como o fumo passivo comparado a fumar seu próprio cigarro. Nunca vou saber mesmo.
As reações do público são como nada que eu já tenha visto ou ouvido. Temos o sistema de som mais potente com o qual já estive, e por algum milagre, o público consegue ser ainda mais alto do que ele. Tem gente vindo de todos os cantos, de todas as nacionalidades, de todas as idades. Isso tem me feito sentir um otimismo raro sobre o mundo e sobre as pessoas que vivem nele. Um monte dos meus melhores amigos já apareceu por aqui, e tem sido incrível todos os dias. É um verão cheio de alegria e eu me sinto muito, muito sortudo. Fico pensando se dá pra manter esse nível até o fim do ano, mas ao mesmo tempo, não consigo imaginar nenhum lugar que não entre nesse clima generoso e festivo.
Tenho certeza de que terei mais coisas pra dizer à medida que esse ano tão atípico continuar.
VERSÃO ORIGINAL
We’re a month into the biggest tour in the world and a quarter of the gigs are already done and in the past. We’ve now performed in front of nearly three quarters of a million people, by the end of this weekend there’ll be another 160,000 to add to that number. It’s been a cultural phenomenon of the sort I’ve never seen, has anybody? You can argue about whether other bands have been bigger or better or more important, but there’s something going on that’s bigger than Oasis and their catalogue. The internet has siloed and isolated us all, turned music into a soundtrack for solo pursuits. This has just shown that people are crying out to be part of something together, to throw their arms around each other and sing at the top of their voices. Everybody is dressing up in the same clothing, head to toe. Those turning up in civilian clothing hurriedly rush to the merch stall to buy a t-shirt or a bucket hat. Everyone is willingly submitting themselves to the greater good of the event. There’s no cynicism, no folded arms. Nobody is too cool to joyously capitulate. It’s like a World Cup final with no losing team. Every single day. How will any of us go back to ordinary gigs again? We’ll have to. I’ll have to anyway.
If you’re wondering what the effect is on Madden, be rest assured I’m being largely ignored as ever so I’m unlikely to get carried away with the whole thing. There have been scores of backstage celebrities, including the grinning maniac that is Tom Cruise, but none of them show any interest in band members that aren’t Gallaghers and any that do can’t extend that interest as far as me. Apart from former Doctor Who star Matt Smith who comes up and addresses me like an old pal, which is quite charming. Also, Deputy Prime Minister Angela Rayner bought me a pint the other night before instructing me to “tell those boys there’s a proper Mancunian lass in here tonight.” I did too. I told Noel anyway, I suspected Liam wouldn’t give a fuck.
I’ve been wandering around the crowds freely, completely ignored and unburdened by celebrity. I walked through the walkway to the viewing platform at Heaton Park and people started turning round and cheering. I was caught off guard for a second but then realised I was just behind Chris Kamara who was enjoying the biggest reaction from the public for a single human I’ve seen so far. I followed along basking in a wave of second hand adulation, almost understanding what the warm glow of fame must feel like. Almost, but not quite. Actually, maybe it was more like what passive smoking is to enjoying your own fags. I’ll never know.
Audience reactions are like nothing I’ve ever seen or heard, we have the loudest PA I’ve ever been near and by some miracle the audience are louder than it. They are coming from everywhere, all nationalities and all ages. It’s making me feel unusually optimistic about the world and the people who live in it. I’ve had tons of my best friends along and it’s been brilliant every day. It’s a joyous summer and I feel very, very lucky. I wonder if it can be sustained at this level all year long but then, I can’t imagine anywhere that won’t deliver the same selfless, party atmosphere.
I’m sure I’ll have more to say as this most unusual of years progresses.
Falando em tecladista, Alisson, o que rolou nessa história com a Jessica Greenfield, você sabe? Ela tava até no programa da turnê, então claramente alguma negociação teve em algum momento.